Marinho Pinho, Bastonário da Ordem dos Advogados, é um homem com notável capacidade para incomodar as pessoas. Ou pelos assuntos que aborda contra interesses instituídos ou pela forma desastrosa com que por vezes fala.
É um homem que se faz notar. E que se perde facilmente.
Depois de Paula Teixeira da Cruz ter tomado posse como Ministra da Justiça fomos ouvindo da parte do Bastonário críticas ao facto de o Estado não efectuar pagamentos que devia aos Advogados que tinham feito as chamadas oficiosas, entre outras queixas. Essas críticas foram subindo de tom que chegaram ao “Estado caloteiro” e por aí fora.
Não suportou que a Ministra o críticasse em público numa cerimónia organizada pela Ordem e começou a disparar para todo o lado. A Ministra ainda disse que estava ali e que queria colaborar com a Ordem para que Portugal consiga resolver os problemas da justiça dos quais Portugal tanto precisa.
Estava entornado o caldo. Foi frontalidade a mais para um homem que sempre a cultivou, algo de intolerável para se fazer no “seu” evento organizado pela Ordem. O Bastonário nem lhe respondeu, nem quando a Ministra se retirava do evento, nem depois.
O descalabro comoçou logo a seguir ao dizer, entre uma série de disparates que : “não sei se a Ministra gosta do Bastonário mas eu não gosto dela.” E “exigo respeito insititucional por parte da Ministra”. Quanto ao conteúdo do que a Ministra havia dito nem um comentário.
A semana passada, porque tinha pessoalizado o assunto, o Bastonário cometeu um harakiri político ao liquidar o resto do seu capital institucional como Bastonário num programa de televisão da RTP.
Ao falar sobre este assunto, até começou bem, não demorou muito a entrar num caminho sem retorno quando disse que a Ministra tinha convidado para seu Chefe de Gabinete um familiar. Ao questionarem quem era disse” um primo do seu namorado, companheiro ou seja o que for” ( as palavras são práticamente estas). Continuou com a indicação de outras nomeações.
Fico sem saber se o Bastonário está com ciúmes do namorado ou companheiro da Ministra ou se tem algum complexo em uma mulher dizer-lhe o que pensa na cara.
Eu acho, sinceramente, que estamos perante a primeira hipótese tal a forma explosiva com que fala do assunto. É um caso de paixão inconsciente (ou não).
O Bastonário face ao sucedido e se está mesmo preocupado com o futuro do País tem que renunciar. Ou, em alternativa, ser destituído.
As reformas fazem-se com quer quer e o Bastonário não quer mudanças. A Ministra quer.