domingo, 26 de agosto de 2012

Castigos de Mãe




PEDRO PEDRA DA ROCHA CALHAU, BATE-ME À PORTA QUE EU DOU-TE COM UM PAU.

Esta era a minha frase proibida quando era miúdo e que se me fosse dita provocava uma fúria que podia ser incontrolável. Eu respondia sempre aos berros e de uma forma descontrolada: vou-te matar!!!!!!!
Estava eu sossegado em casa quando um dia o meu irmão João entra pela cozinha, passa por mim no corredor e com aquele ar de mais velho me diz a frase mágica que teve a resposta de sempre: vou-te matar!!! O João então insiste: não tens coragem. Meu Deus….
Arranco para a cozinha, agarro uma faca do Bráz & Bráz, volto ao corredor e a cara do João transfigura-se. Quando o vejo agarro a ponta da lâmina e zás, vai direitinha a ele. O João levanta o seu braço esquerdo e a faca perfura a madeira que suporta a porta mesmo a baixo a sua axila.
O João fica pálido, transparente e eu em pânico a pensar o que teria acontecido se a faca com 20cm de lâmina o tivesse atingido.
Fez queixa à minha Mãe. Pensei que o assunto estava resolvido porque não apanhei uns bons socos dele e a minha Mãe não aplicava castigos pesados. Engano meu.
A minha Mãe veio ter comigo à noite e disse-me com a brandura do costume que o que eu tinha feito era muito feio e que amanhã teríamos de tratar do assunto. Fiquei maravilhado com a conversa porque sabia que não ia apanhar a sova que merecia. Nada pior do que subestimarmos as pessoas…..
No dia seguinte acorda-me às 07.30 e chegámos às 08.00 da manhã à igreja da Conceição. Entrei contentíssimo porque aquilo era música para os meus ouvidos…. Rezar e pedir perdão em vez da dita sova era um trade off fantástico.
Chegamos em frente ao Sacrário e  sentamo-nos. A minha mãe diz: agora vais pedir perdão a Jesus pelo que fizeste ontem ao João. Vá, ajoelha-te e reza.
Estive a pedir perdão das 08.00 até ao meio dia. Sempre de joelhos. Quando me tentava levantar a minha mãe punha-me a sua mão leve no meu ombro e dizia-me: reza mais. Eram palavras de chumbo aquelas.
Saímos ao meio dia e regressámos às 14. Aquilo acabou às 16.00. Foram 6 horas de joelhos e a rezar. Um calvário que nunca esqueci. O meu melhor castigo.
Quando me tentei levantar estive 45 minutos sem conseguir esticar as pernas. Fui para casa com as pernas a 45 graus.
Facas nunca mais.